Júlio Pereira | pt

8    0

Como multi‑instrumentista, compositor e produtor, ao longo de 30 anos de carreira, Júlio Pereira tem norteado a sua preocupação artística por parâmetros que tomam como referência a universalidade das manifestações culturais.
O que, de forma nenhuma, contraria a importância do seu trabalho no âmbito da música tradicional portuguesa e da consideração étnica dos sons e das suas raízes. É que esse trabalho sempre teve como horizonte a incorporação da tradição portuguesa nas correntes estéticas que marcam as sucessivas“contemporaneidades".

Assim, as suas obras de autor, concretizadas em 15 discos de longa duração, depois de reflectirem a importância da inovação musical dos anos 60/70, cen­traram‑se num trabalho de recuperação renovadora dos sons dos instrumentos tradicionais “quase perdidos” — de que os mais paradigmáticos exemplos são Cavaquinho (1981) , Braguesa (1982) e O meu bandolim (1992) —, bem como, sobretudo a partir dos anos 90, na associação desses sons a (sempre) novas soluções acústicas — como Rituais (2000) significativamente documenta. O que, aliás, o situa como figura incontornável da música portuguesa da se­gunda metade do séc. XX.
Embora o seu trabalho não se tenha — até agora, e dominantemente — cruzado com a melodização de textos, a sua selectividade poética leva‑o, actual­mente, a preparar um disco - Faz-de-conta - que se cruza com nomes nucleares de autores de língua portuguesa, como Eugénio de Andrade e Vinicius de Moraes.

A atestar a sua experiência e o seu testemunho musical, referem‑se a centena de discos em que interveio como instrumentista, orquestrador ou produtor. Não sem deixar de referir a importância da sua íntima ligação à carreira de José Afonso, a partir de finais dos anos 70, bem como a sua participação em trabal­hos conjuntos com Pete Seeger e The Chieftains".

Texto: João Luís Oliva .

Todos os álbuns

Melhores álbuns

Artistas semelhantes